ERA VARGAS
A chamada Era Vargas está dividida em três momentos: Governo Provisório, Governo Constitucional e Estado Novo.
O período inaugurou um novo tipo de Estado, denominado “Estado de compromisso”, em razão do apóio de diversas forças sociais e políticas: as oligarquias dissidentes, classes médias, burguesia industrial e urbana, classe trabalhadora e o Exército. Neste “Estado de compromisso” não existia nenhuma força política hegemônica, possibilitando o fortalecimento do poder pessoal de Getúlio Vargas. Governo Provisório ( 1930/1934 ).
Aspectos políticos e econômicos No plano político, o governo provisório foi marcado pela Lei Orgânica, que estabelecia plenos poderes a Vargas. Os órgão legislativos foram extintos, até a elaboração de uma nova constituição para o país.
Desta forma, Vargas exerce o poder executivo e o Legislativo. Os governadores perderam seus mandatos – por força da Revolução de 30 – seu nomeados em seus lugares os interventores federais ( que eram escolhidos pelos tenentes ).
A economia cafeeira receberá atenções por parte do governo federal. Para superar os efeitos da crise de 1929, Vargas criou o Conselho Nacional do Café, reeditando a política de valorização do café ao comprar e estocar o produto.
O esquema provocou a formação de grandes estoques, em razão da falta de compradores, levando o governo a realizar a queima dos excedentes. Houve um desenvolvimento das atividades industriais, principalmente no setor têxtil e no de processamento de alimentos. Este desenvolvimento explica-se pela chamada política de substituição de importações.
REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA DE 32
Movimento ocorrido em São Paulo ligado à demora de Getúlio Vargas para reconstitucionalizar o país, a nomeação de um interventor pernambucano para o governo do Estado (João Alberto). Mesmo sua substituição por Pedro de Toledo não diminuiu o movimento.
O movimento teve também como fator a tentativa da oligarquia cafeeira retomar o poder político. O movimento contou com apoio das camadas médias urbanas. Formou-se a Frente Única Paulista, exigindo a nomeação de um interventor paulista e a reconstitucionalização imediata do país.
Em maio de 1932 houve uma manifestação contra Getúlio que resultou na morte de quatro manifestantes: Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo. Iniciou-se a radicalização do movimento, sendo que o MMDC passou a ser o símbolo deste momento marcado pela luta armada.
Após três meses de combates as forças leais a Vargas forçaram os paulistas à rendição. Procurando manter o apoio dos paulistas, Getúlio Vargas acelerou o processo de redemocratização realizando eleições para uma Assembléia Constituinte que deveria elaborar uma nova constituição para o Brasil.
A CONSTITUIÇÃO DE 1934
Promulgada em 16 de novembro de 1934 apresentando os seguintes aspectos: A manutenção da República com princípios federativos; Existência de três poderes independentes entre si: Executivo, Legislativo e Judiciário; Estabelecimento de eleições diretas para o Executivo e Legislativo; As mulheres adquirem o direito ao voto; Representação classista no Congresso (elementos eleitos pelos sindicatos); Criado o Tribunal do Trabalho; Legislação trabalhista e liberdade de organização sindical; Estabelecimento de monopólio estatal sobre algumas atividades industriais; Possibilidade da nacionalização de empresas estrangeiras; Instituído o mandato de segurança, instrumento jurídico dos direitos do cidadão perante o Estado.
A Constituição de 1934 foi inspirada na Constituição de Weimar preservando o liberalismo e mantendo o domínio dos proprietários visto que a mesma não toca no problema da terra. Governo Constitucional (1934/1937). Período marcada pelos reflexos da crise mundial de 1929: crise econômica, desemprego, inflação e carestia. Neste contexto desenvolve-se, na Europa, os regimes totalitários ( nazismo e fascismo) – que se opunham ao socialismo e ao liberalismo econômico.
A ideologia nazi-fascista chegou ao Brasil, servindo de inspiração para a fundação da Ação Integralista Brasileira (AIB), liderada pelo jornalista Plínio Salgado. Movimento de extrema direita, anticomunista, que tinha como lema “Deus, pátria, família”. Defendia a implantação de um Estado totalitário e corporativo.
A milícia da AIB era composta pelos “camisas verdes”, que usavam de violência contra seus adversários. Os integralistas receberam apoio da alta burguesia, do clero, da cúpula militar e das camadas médias urbanas. Por outro lado, o agravamento das condições de vida da classe trabalhadora possibilitou a formação de um movimento de caráter progressista, contando com o apoio de liberais, socialista, comunistas, tenentes radicais e dos sindicatos – trata-se da Aliança Nacional Libertadora (ANL).
Luís Carlos Prestes, filiado ao Partido Comunista Brasileiro foi eleito presidente de honra. A ANL reivindicava a suspensão do pagamento da dívida externa, a nacionalização das empresas estrangeiras e a realização da reforma agrária. Colocava-se contra o totalitarismo e defendia a democracia e um governo popular. A adesão popular foi muito grande, tornando a ANL uma ameaça ao capital estrangeiro e aos interesses oligárquicos.
Procurando conter o avanço da frente progressista o governo federal – por meio da aprovação da Lei de Segurança Nacional – decretou o fechamento dos núcleos da ANL. A reação, por parte dos filiados e simpatizantes, foi violenta e imediata. Movimentos eclodiram no Rio de Janeiro, Recife, Olinda e Natal – episódio conhecido como Intentona Comunista.
O golpe do Estado Novo No ano de 1937 deveria ocorrer eleições presidenciais para a sucessão de Getúlio Vargas. A disputa presidencial foi entre Armando de Sales Oliveira – que contava com o apoio dos paulistas e de facções de oligarquias de outros Estados. Representava uma oposição liberal ao centralismo de Vargas.
A outra candidatura era a de José Américo de Almeida, apoiado pelo Rio Grande do Sul, pelas oligarquias nordestinas e pelos Partidos Republicanos de São Paulo e Minas Gerais. Um terceiro candidato era Plínio Salgado, da Ação Integralista. A posição de Getúlio Vargas era muito confusa – não apoiando nenhum candidato. Na verdade a vontade de Getúlio era a de continuar no governo, em nome da estabilidade e normalidade constitucional; para tanto, contava com apoio de alguns setores da sociedade.
O continuísmo de Vargas recebeu apoio de uma parte do Exército – Góes Monteiro e Eurico Gaspar Dutra representavam a alta cúpula militar – surgindo a idéia de um golpe, sob o pretexto de garantir a segurança nacional.
O movimento de “salvação nacional” – que garantiu a permanência de Vargas no poder – foi a divulgação de um falso plano de ação comunista para assumir o poder no Brasil. Chamado de Plano Cohen, o falso plano serviu de pretexto para o golpe de 10 de novembro de 1937, decretando o fechamento do Congresso Nacional, suspensão da campanha presidencial e da Constituição de 1934. Iniciava-se o Estado Novo.
O Estado Novo ( 1937/1945 ). O Estado Novo – período da ditadura de Vargas – apresentou as seguintes características: intervencionismo do Estado na economia e na sociedade e um centralização política nas mãos do Executivo, anulando o federalismo republicano.
A CONSTITUIÇÃO DE 1937
Foi outorgada em 10 de novembro de 1937 e redigida por Francisco Campos. Baseada na constituição polonesa ( daí o apelido de “polaca” ) apresentava aspectos fascistas.
Principais características: centralização política e fortalecimento do poder presidencial; extinção do legislativo; subordinação do Poder Judiciário ao Poder Executivo; instituição dos interventores nos Estados e uma legislação trabalhista. A Constituição de 1937 eliminava a independência sindical e extinguia os partidos políticos.
A extinção da AIB deixou os integralistas insatisfeitos com Getúlio. Em maio de1938 os integralistas tentaram um golpe contra Vargas – o Putsch Integralista – que consistiu numa tentativa de ocupar o palácio presidencial. Vargas reagiu até a chegada a polícia e Plínio Salgado precisou fugir do país.
POLÍTICA TRABALHISTA
O Estado Novo procurou controlar o movimento trabalhador através da subordinação dos sindicatos ao Ministério do Trabalho. Proibiu-se as greves e qualquer tipo de manifestação.
Por outro lado, o Estado efetuou algumas concessões, tais como, o salário mínimo, a semana de trabalho de 44 horas, a carteira profissional, as férias remuneradas. As leis trabalhistas foram reunidas, em 1943, na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), regulamentando as relações entre patrões e empregados.
A aproximação de Vargas junto a classe trabalhadora urbana originou, no Brasil, o populismo – forma de manipulação do trabalhador urbano, onde o atendimento de algumas reivindicações não interfere no controle exercido pela burguesia.
POLÍTICA ECONÔMICA
O Estado Novo iniciou o planejamento econômico, procurando acelerar o processo de industrialização brasileiro. O Estado criou inúmeros órgãos com o objetivo de coordenar e estabelecer diretrizes de política econômica.
O governo interveio na economia criando as empresas estatais – sem questionar o regime privado. As empresas estatais encontravam-se em setores estratégicos, como a siderúrgia ( Companhia Siderúrgica Nacional ), a mineração (Companhia Vale do Rio Doce ), hidrelétrica ( Companhia Hidrelétrica do Vale do São Francisco ), mecânica ( Fábrica Nacional de Motores ) e química (Fábrica Nacional de Álcalis.
POLÍTICA ECONÔMICA
O Estado Novo iniciou o planejamento econômico, procurando acelerar o processo de industrialização brasileiro. O Estado criou inúmeros órgãos com o objetivo de coordenar e estabelecer diretrizes de política econômica.
O governo interveio na economia criando as empresas estatais – sem questionar o regime privado. As empresas estatais encontravam-se em setores estratégicos, como a siderúrgia ( Companhia Siderúrgica Nacional ), a mineração ( Companhia Vale do Rio Doce ), hidrelétrica ( Companhia Hidrelétrica do Vale do São Francisco ), mecânica ( Fábrica Nacional de Motores) e química (Fábrica Nacional de Álcalis ).
POLÍTICA ADMINISTRATIVA
Procurando centralizar e consolidar o poder político, o governo criou o DASP ( Departamento de Administração e Serviço Público), órgão de controle da economia. O outro instrumento do Estado Novo foi a criação do DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda ), que realizava a propaganda do governo. O DIP controlava os meios de comunicação, por meio da censura.
Foi o mais importante instrumento de sustentação da ditadura que, ao lado da polícia secreta, comandada por Filinto Müller, instaurou no Brasil o período do terror: prisões, repressão, exílios, torturas etc…
Como exemplo de propaganda tem-se a criação da Hora do Brasil – que difundia as realizações do governo; o exemplo do terror fica por conta do caso de Olga Benário, mulher de Prestes, que foi presa e deportada para a Alemanha (grávida). Foi assassinada num campo de concentração.
O BRASIL E A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
Devido a pressões – internas e externas – Getúlio Vargas rompeu a neutralidade brasileira, em 1942, e declarou guerra ao Eixo ( Alemanha, Itália, Japão ). A participação do Brasil foi efetiva nos campos de batalha mediante o envio da FEB ( Força Expedicionária Brasileira ) e da FAB ( Força Aérea Brasileira ).
A participação brasileira na guerra provocou um paradoxo político: externamente o Brasil luta pela democracia e contra as ditaduras, internamente há ausência democrática em razão da ditadura. Esta situação, somada à vitória dos aliados contra os regimes totalitários, favorece o declínio do estado Novo e amplia as manifestações contra o regime.
O FIM DO ESTADO NOVO
Em 1943 Vargas prometeu eleições para o fim da guerra; no mesmo ano houve o Manifesto dos Mineiros, onde um grupo de intelectuais, políticos, jornalistas e profissionais liberais pediam a redemocratização do país. Em janeiro de 1945, o Primeiro Congresso Brasileiro de Escritores exigia a liberdade de expressão e eleições.
Em fevereiro do mesmo ano, Vargas publicava um ato adicional marcando eleições presidenciais para 2 de dezembro. Para concorrer as eleições surgiram os seguinte partidos políticos: UDN ( União Democrática Nacional )- Oposição liberal a Vargas e contra o comunismo.
Tinha como candidato o brigadeiro Eduardo Gomes; PSD ( Partido Social Democrático ) – era o partido dos interventores e apoiavam a candidatura do general Eurico Gaspar Dutra; PTB ( Partido Trabalhista Brasileiro ) – organizado pelo Ministério do Trabalho e tendo como presidente Getúlio Vargas.
Apoiava, junto com o PSD, Eurico Gaspar Dutra; PRP ( Partido de Representação Popular ) – de ideologia integralista e fundado por Plínio Salgado; PCB ( Partido Comunista Brasileiro ) – tinha como candidato o engenheiro Yedo Fiúza.
Em 1945 houve um movimento popular pedindo a permanência de Vargas – contando com o apoio do PCB. Este movimento ficou conhecido como queremismo, devido ao lema da campanha “Queremos Getúlio “.
O movimento popular assustou a classe conservadora, temendo a continuidade de Vargas no poder. No dia 29 de outubro foi dado um golpe, liderado por Goés Monteiro e Dutra. Vargas foi deposto sem resistência.
O governo foi entregue a José Linhares, presidente do Supremo Tribunal Federal. Em dezembro de 1945 foram realizadas as eleições com a vitória de Eurico Gaspar Dutra.
EXERCÍCIOS
1) (Fac. Med. Marília-SP)-De profundos reflexos no desenvolvimento da história política do Brasil, existe um episódio conhecido pelo nome de Plano Cohen que consiste:
a) na coligação de forças imperialistas que visavam impedir a proclamação da República, nos fins do século XIX
b) num documento forjado, denunciando uma fantasiosa implantação do comunismo no Brasil, a fim de justificar um golpe de Estado para o continuísmo de Getúlio Vargas no poder
c) no conjunto de propostas feitas pelo generais recém-chegados da Europa, ao fim da Segunda Guerra Mundial, para a volta do Estado democrático no Brasil, dominado pela ditadura de Vargas
d) nas transformações administrativas necessárias à interiorização da capital federal para Brasília; e) em algo totalmente diferente do que foi escrito anteriormente.
2) (Cesgranrio) – O regime político conhecido como Estado Novo implantado por golpe do próprio presidente Getúlio Vargas, em 1937, pode ser associado à (ao)
a) radicalização política do período representada pela Aliança Nacional Libertadora, de orientação comunista, e pela Ação Integralista Brasileira, de orientação fascista
b) modernização econômica do país e seu conflito com as principais potências capitalistas do mundo, que tentavam lhe barrar o desenvolvimento
c) ascensão dos militares à direção dos principais órgãos públicos, porque já se delineava o quadro da Segunda Guerra Mundial
d) democratização da sociedade brasileira em decorrência da ascensão de novos grupos sociais como os operários
e) retorno das oligarquias agrárias ao poder, restaurando-se a Federação nos mesmos moldes da República Velha.
3) (FUVEST-SP) – A política cultural do Estado Novo em relação aos intelectuais caracterizouse:
a) pela repressão indiscriminada, por serem os intelectuais considerados adversários de regimes ditatoriais
b) por um clima de ampla liberdade, pois o governo cortejava os intelectuais para obter apoio ao seu projeto nacional
c) pelas indiferença, pois os intelectuais não tinham expressão e o governo se baseava nas forças militares
d) pelo desinteresse com relação aos intelectuais, pois o governo se apoiava nos trabalhadores sindicalizados
e) por uma política seletiva através da qual só os adversários frontais do regime foram reprimidos.
4) (UFMS)- O queremismo, movimento surgido no final do Estado Novo (1945), tinha como uma de suas finalidades:
a) obter o fim da ditadura, afastando Getúlio Vargas do poder
b) formar um governo forte, em substituição ao de Getúlio Vargas
c) introduzir o parlamentarismo para controlar Getúlio Vargas
d) manter Getúlio Vargas no governo, sob um novo regime constitucional
e) instalar uma Assembléia Constituinte liderada pela União Democrática Nacional.
5) (Fuvest-SP) – O governo de Vargas, no período de 1937 a 1945, pode ser considerado:
a) presidencialismo autocrático
b) parlamentarismo populista
c) presidencialismo democrático
d) parlamentarismo oligárquico
e) ditadura socialista
6) (Vunesp)- A revolução constitucionalista de 1032 foi impulsionada pela:
a) Ação Integralista Brasileira, que procurou mobilizar a sociedade contra o fascismo europeu b) União dos estados de São Paulo, Mato Grosso e Rio de Janeiro
c) Tentativa de reação da velha oligarquia paulista, apoiada, a príncípio, pela oligarquia de Minas Gerais, contra o governo de Vargas
d) Reação de base popular, buscando a reconstitucionalização imediata do país
e) Contestação do Rio Grande do Sul, pelo regime dos interventores estaduais, adotado por Getúlio Vargas.
Causas
A Segunda guerra mundial pode ser entendida a partir das relações internacionais, do imperialismo, do crescimento do nacionalismo e do desenvolvimento da indústria bélica. Com a crise mundial de 1929, o nacionalismo cresceu, bem como a extrema direita (os regimes totalitários).
Política expansionista
Na Alemanha, com a implantação do III Reich, o Tratado de Versalhes foi desrespeitado, levando a reorganização das Forças Armadas e ao desenvolvimento da produção de armamentos. Iniciava-se então a política de expansão territorial – proclamando a necessidade de que toda a raça germânica (considerada a superior).
A expansão alemã iniciou-se em 1938 com o Anschluss, ou seja, a união da Áustria e da Alemanha. Em seguida foi anexada a região dos Sudetos ( Tchecoslováquia ). A ocupação da região foi aprovada pela Conferência de Munique ( Alemanha, Itália, França e Inglaterra). Em 1939 a Alemanha realiza um acordo com Itália e Japão – surgindo assim o EIXO ( Roma, Berlim, Tóquio).
Já o governo fascista da Itália conquistou a Abissínia (Etiópia) e a Albânia.
No extremo oriente, o Japão anexava a Manchúria e outras regiões da China
Política de apaziguamento
Enquanto os países do EIXO realizavam a expansão territorial, e colocando em risco a paz mundial, a Liga das Nações, a França e Inglaterra limitavam-se à pequenas reprimendas – procurando evitar a guerra. No entanto, a ausência de medidas mais duras só contribuíam para o fortalecimento do EIXO.
Política de neutralidade
Postura internacional adotada pelos Estados Unidos da América – muito mais preocupados em solucionar os efeitos internos da crise de 1929 – que não interferiram nas relações políticas da Europa até a guerra começar.
Política de isolamento
A União Soviética encontrava-se isolada nas relações- e decisões – políticas, pelo fato do regime comunista, imposto desde 1917. A URSS ainda acreditava que a política do apaziguamento servia para jogar a Alemanha contra ela ( exemplificada na Conferência de Munique ).
Procurando romper seu isolamento a URSS assinou um pacto de não-agressão com a Alemanha. Este pacto, denominado Ribbentrop-Molotov, atendia aos interesses da URSS, livrando-a ( inicialmente) de uma agressão alemã e conseguindo maior tempo para se preparar; beneficiava a Alemanha que evitava uma guerra em duas frentes (oriental e ocidental).
Porém, tanto comunistas quanto nazistas sabiam que o tratado teria curta duração. Garantida a neutralidade da URSS a Alemanha, em 1Š de setembro de 1939 invadiu a Polônia, iniciando a Segunda Guerra.
A Guerra civil espanhola
Um outro fator da Segunda Guerra foi a Guerra civil espanhola(1936-1939), envolvendo fascistas espanhóis e republicanos. As tensões iniciaram-se em 1931 com a abdicação do rei Afonso XIII, em virtude das pressões sociais, que exigiam uma república. Com a abdicação, instalou-se uma república de caráter liberal.
A nascente república espanhola passa por graves problemas políticos – reação da antiga elite dominante, anticlericalismo acentuado, autonomismo regionais (como o caso do País Basco e Catalunha) e crescimento dos movimentos populares. Neste contexto surge um grupo conservador, de extrema direita, com aspectos fascistas – a Falange.
Nas eleições de 1936, a Frente Popular – frente anti-fascista composta por liberais, socialistas, anarquistas e comunistas – venceu e procurou efetivar um conjunto de reformas sociais. Em 18 de julho do mesmo ano, o general Francisco Franco iniciou uma revolta contra a república. Contou com o apóio da Falange, dos latifundiários, da Igreja e da classe média urbana.
A Guerra civil espanhola foi extremamente violenta e contou com a participação internacional. A Frente Popular recebe apoio da União Soviética e da Brigadas Internacionais (compostas por pessoas de diversos países); já a Falange conta com o apóio da Alemanha, Itália e Portugal. A ajuda da Itália e Alemanha foi decisiva para a vitória de Franco, iniciando-se na Espanha um Estado de características fascista- o Franquismo.
Fases da guerra
A primeira fase da guerra foi marcada pela vitória do EIXO – de 1939 a 1941. A Alemanha adotou a Blitzkrieg – “guerra-relâmpago”- tática de operação combinanda (naval,aérea e terrestre).
A Alemanha ocupou a Polônia, Dinamarca, Noruega, Holanda, Bélgica e França. A França, após a invasão, ficou dividida em duas áreas: uma zona de ocupação pelos nazistas e uma zona “livre”- governada pelos simpatizantes do nazismo. Em agosto de 1940 iniciou-se o ataque a Grã-Bretanha, neutralizada pela ação da RAF (força aérea britânica).
Em 1941 o EIXO recebeu apoio da Hungria, Romênia e Bulgária, houve a ocupação da Iugoslávia e da Grécia. No mesmo ano houve o desembarque da Afrikakorps (comandada por Rommel) com o objetivo de conquistar o canal de Suez. Entre os anos de 1941 a 1943 houve um período de equilíbrio entre as forças na guerra. Em junho de 1941 a Alemanha deu início à Operação Barbarossa – a invasão da União Soviética. A ofensiva nazista, inicialmente, foi vitoriosa.
Em dezembro de 1941, o Japão durante seu expansionismo pela Ásia, atacou Pearl Habor – fato que marca a entrada dos EUA no conflito.Entre 1943 e 1945 a guerra é marcada pela vitória das forças contrárias ao EIXO.
A Batalha de Stalingrado, vencida pelos comunistas, marca o início da derrocada dos nazistas; em 1944 inicia-se a Operação Overlord (Dia D) e o desembarque dos aliados na Normandia. A Itália já havia se retirado do conflito em julho de 1943. O Japão cede em 1945 após os bombardeios atômicos de Hiroshima e Nagazaki.
As consequências da guerra
A Segunda Guerra provocou um desenvolvimento da indústria bélica e um grande número de mortes: a União Soviética teve 20 milhões de mortos; 6 milhões de alemães; 1,2 milhões de mortos japoneses; e o extermínio de judeus, nos campos de concentração chegou a cerca de 7 milhões de vítimas.
Outra consequência foi a reunião dos aliados e da União Soviética, procurando reorganizar o mapa político alterado pela guerra. As conferências e suas principais decisões foram:
Conferência do Cairo- Realizada ainda durante a guerra (1943), reuniu Churchill (Grã-Bretanha), Roosevelt (EUA) e Chang Kai-chek (China) que discutiram o mapa da Ásia – alterado pelo Japão.
Conferência de Teerã- Dezembro de 1943 que reuniu Churchill, Roosevelt e Stalin (União Soviética). Selaram a decisão do Dia D , formularam a criação de organismo internacional para preservar a paz mundial e decidiram dividir a Alemanha em zonqas de influência.
Conferência de Ialta- Com a participação de Churchill, Roosevelt e Stalin que confirmaram a divisão da Alemanha e dividiram a Coréia em zonas de influência: o Sul controlado pelos EUA e o Norte pela União Soviética.
Conferência de Potsdam- Participação de Clement Attlee (Grã-Bretanha), Harry Truman (EUA) e Stalin. Efetivou a divisão da Alemanha em zonas de influência, a criação de um tribunal para julgar os crimes nazistas (Tribunal de Nuremberg) e estipulado uma indenização de 20 bilhões de doláres à Inglaterra, URSS, França e EUA.
Outras conseqüências:
A criação da ONU; O Plano Marshall, plano de ajuda econômica dos EUA para recuperar a economia européia. A nação que quisesse receber a ajuda deveria combater- internamente-o avanço das idéias comunistas;
A Guerra Fria, um conflito ideológico entre o capitalismo- sob a liderança dos EUA – e o comunismo, liderado pela União Soviética. A Guerra Fria foi inaugurada pela Doutrina Truman, que justificava uma intervenção militar para evitar que os comunistas chegassem ao poder em qualquer país.
Por conta guerra fria foi criada, em 1949, a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e em 1955 firmado o Pacto de Varsóvia- bloco militar dos países comunistas. O primeiro conflito da Guerra Fria foi a Guerra da Coréia (1950/53) quando a URSS ajudou a Coréia do Norte a invadir a Coréia do Sul, auxiliada pelos EUA.
Houve ainda o processo de descolonização da Ásia e da África.
EXERCÍCIOS
1)(UNITAU) – O fato concreto que desencadeou a Segunda Guerra Mundial foi:
a) a saída dos invasores alemães do território dos Sudetos, na Checoslováquia
b) a tomada do “corredor polonês” que desembocava na cidade-livre de Dantizg (atual Gdansk), pelos italianos; c) a invasão da Polônia por tropas nazistas e a ação da Inglaterra eda França em socorro de sua aliada, declarando guerra ao Terceiro Reich
d) a efetivação do “Anschluss”, que desmembrou a Áustria da Alemanha; e) a invasão da Polônia por tropas alemãs, quebrando o Pacto Germano-Soviético.
2) (UFRN) – Em relação à Segunda Guerra Mundial, é correto afirmar que:
a) Hitler empreendeu uma implacável perseguição aos judeus, que resultou na morte de seis milhões de pessoas; b) Os norte-americanos permaneceram neutros na guerra até 1941, quando bombardearam Hiroshima e Nagasaki
c) de Gaulle foi o chefe do governo de Vichy
d) com o ataque alemão a Pearl Habor, os norte-americanos resolveram entrar na guerra
e) a Crise de 1929 nada teve a ver com a Segunda Guerra Mundial.
3) (Objetivo)- Assinale a alternativa errada no contexto da Segunda Guerra Mundial:
a) A anexação da Albânia pelas tropas fascistas italianas
b) A invasão, pelos japoneses, de regiões chinesas de grande importância econômica;
c) A anexação da região dos Sudetos, na Tchecoslováquia, pelos alemães;
d) A vitória alemã na batalha de Stalingrado, que consolidou a hegemonia nazista;
e) A crise do Corredor Polonês, que culminou com a invasão da Polônia por tropas nazistas.
4) (UNIP) – O plano Marshall, assinado em abril de 1948 pelo presidente Truman:
a) isolou completamente os Estados Unidos da Europa, através do congelamento dos empréstimos que o país havia feito aos aliados durante a Segunda Guerra Mundial
b) proposto pelo general George Marshall, chefe do Estado-Maior do Exército norte-americano, visava recuperar a economia interna dos Estados Unidos, abalada pela Guerra do Pacífico
c) foi criado com a finalidade de reconstruir os países comunistas abalados pela Grande Guerra de 1939 a 1945
d) deu ênfase inicial ao fornecimento de alimentos, rações para animais e fertilizantes, com o objetivo de aumentar a produtividade agrícola
e) destinou recursos financeiros aos países europeus de pequeno porte, tendo em vista que a França, Inglaterra, Alemanha e Itália eram nações altamente desenvolvidas.
A Industrialização no Brasil
Os primeiros passos da industrialização. Com a extinção do tráfico negreiro em 1850, o capital até então empregado no comércio de escravos foi reinvestido em outras atividades econômicas, entre elas a indústria. Os empreendimentos do visconde de Mauá, aos quais já nos referimos, ocorreram exatamente nesse contexto. O início da industrialização do Brasil ocorreu por volta de 1870, em estreita relação com a imigração em massa e a expansão do café em São Paulo. A expansão cafeeira, com a incorporação dos imigrantes, transformava esse setor agrícola num empreendimento capitalista e altamente rentável. Com isso, os cafeicultores acumulavam capital e diversificavam suas atividades, investindo, inclusive, na área industrial. Por outro lado, a crise e a abolição da escravatura e os imigrantes - sobretudo italianos -, trabalhando em regime de colonato, converteram-se em base tanto para a formação do mercado de trabalho quanto para a formarão do mercado interno. Até 1870, a produção industrial era feita por pequenas oficinas artesanais espalhadas por várias regiões. As primeiras indústrias tiveram o papel de substituir e concentrar as produções artesanais. Mais tarde, já na República, um novo surto industrial terá o papel de substituir os produtos importados. As primeiras indústrias, entretanto, tinham por objetivo substituir as produções artesanais dispersas e não substituir os produtos importados. Outro impulso decisivo seria dado, como veremos, no início da República.
O Movimento Republicano
As transformações da sociedade. A partir de 1850, com a abolição do tráfico, iniciava-se no Brasil um processo de profunda transformação econômica e social. Podemos enumerar alguns dados que a comprovam: • a população brasileira, que era de aproximadamente 3 milhões em 1822, passou a 14 milhões por volta de 1880; • as indústrias, principalmente têxteis, se desenvolvem: de 175 estabelecimentos, em 1874, o número salta para mais de 600 em 1880; • o transporte melhorou com a construção de 9 mil km de ferrovias e a introdução do barco a vapor, no final do Império; • incremento da urbanização; • melhorias técnicas foram introduzidas na produção do açúcar e do café, ao mesmo tempo em que os escravos eram substituídos pelos trabalhadores livres (imigrantes); • multiplicaram-se os estabelecimentos de crédito (bancos), etc.
Pois bem, o que esse conjunto de transformações tem a ver com a proclamação da República? Ressaltemos dois pontos essenciais para se compreender esse processo: primeiro, a substituição do trabalho escravo pelo livre acarretou uma cisão na camada dominante dos grandes proprietários; segundo, o Estado imperial não se modernizou na mesma proporção e não acompanhou as mudanças. Cabe fazer ainda outra observação: a queda da monarquia e implantação da República não foi propriamente uma revolução. É verdade que, com a República, a participação direta dos fazendeiros do café no poder tornou-se realmente efetiva e avassaladora, como jamais acontecera durante o Império. A origem da República. A proclamação da República em 15 de novembro de 1889 foi fruto de inúmeros fatores conjugados. A aspiração republicana era muito antiga no Brasil e, como já vimos, ela se mostrou em vários movimentos anticoloniais, a exemplo da Inconfidência Mineira, Confederação do Equador, etc. Mas devemos lembrar que o ideal republicano desses movimentos era mais um instrumento para contestar o regime colonial ou a autocracia do primeiro imperador do que propriamente um propósito central e consciente, como se tornou no final do século XIX. E mais ainda: o ideal republicano era uma expressão local, das províncias periféricas. No final do século XIX, ele renasceu na própria capital do Império. |
O Império entra em crise (1870-1889)A Questão Escravista
A crise final da escravidão. A partir de 1870, com o fim da Guerra do Paraguai, antigos problemas e contradições que não haviam sido resolvidos voltaram à tona com toda a intensidade. Ao mesmo tempo, a incapacidade do Império em resolvê-los tornava se cada dia mais patente. A questão central era naturalmente o escravismo. Em 1870, fazia vinte anos que o tráfico havia sido extinto, mas a escravidão resistia. Desde o início do século XIX, a GrãBretanha vinha pressionando o Brasil, e a opinião pública contra a escravidão havia crescido no mundo inteiro. Os escravistas brasileiros e o governo, que afinal os representava, haviam adotado a tática do silêncio para proteger os seus interesses. O problema da escravidão, em suma, não era discutido publicamente em parte alguma do Brasil. Muito menos no Parlamento. E isso era coerente, pois os próprios senhores de escravos sabiam que sua posição era insustentável. Porém, não moviam uma palha Pará encaminhar a solução. Fizeram de conta que o problema simplesmente inexistia. Havia uma explicação para isso. O governo imperial, em seu profundo conservadorismo, inquietava-se com a possibilidade de agitação incontrolável caso a questão escravista fosse abertamente colocada. Com certeza, essa política do avestruz adotada pelo governo era confortável para os escravistas, mas o inconveniente da situação estava no fato de que o Brasil como um todo não ficou parado. Na verdade, desde a extinção do tráfico em 1850, muitas coisas foram mudando no Brasil. Em seu imobilismo, o governo preferiu ignorar as transformações. Por volta de 1860 a questão escravista já havia sido colocada publicamente, o que fora uma grande novidade. A eclosão da Guerra do Paraguai interrompeu os debates que estavam começando a ganhar espaço no próprio Parlamento. Eles retornaram com intensidade imediatamente depois da vitória brasileira em 1870. O panorama em 1870, em síntese, era o seguinte: 62% dos escravos do Brasil estavam concentrados em São Paulo, Minas, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Dos 1 540 000 escravos, 955 109 encontravam-se nessas províncias. No norte e nordeste, em razão de sua decadência econômica, o peso da escravidão havia diminuído. Portanto, os escravistas estavam concentrados no sudeste e no sul do país, onde, por sua vez, situava-se o pólo dinâmico da nossa economia. Contudo, uma economia forte, mas desmoralizada pela escravidão não podia se apresentar como esperança e promessa para um país. No plano internacional as coisas eram ainda mais complicadas. A Guerra de Secessão (1861-1865) nos Estados Unidos havia mostrado que o escravismo não tinha futuro. Desde a eclosão da Revolução Industrial na Inglaterra, no século XVIII, o trabalho livre foi ganhando espaço e, no final do século XIX, apenas o Brasil, em companhia de países como Cuba e Costa Rica, insistia em manter um sistema social condenado e vergonhoso.
A lei do Ventre Livre (1871). Foi nesse ambiente que o ministério chefiado pelo visconde do Rio Branco apresentou o projeto da lei do Ventre Livre em maio de 1871 para a Câmara dos Deputados. Depois de modificada e adaptada aos interesses escravistas, a lei que declarava livres os filhos de escravos foi finalmente aprovada em 1871, por 65 votos a favor e 45 contra. A maioria dos deputados de Minas, São Paulo e Rio de Janeiro votou contra, acompanhados pelos deputados do Espírito Santo e do Rio Grande do Sul. Os representantes das províncias do norte e nordeste votaram maciçamente a favor. Essa lei que apenas jogava para o futuro a solução do problema foi, entretanto, considerada pelo governo e pelos escravistas como solução definitiva. Não era essa a opinião dos abolicionistas brasileiros. Em 1880, o debate retornou com maior vigor.
As agitações abolicionistas. No Rio de Janeiro, no ano de 1880, os abolicionistas fundaram duas sociedades a fim de organizar a sua luta: a Sociedade Brasileira contra a Escravidão e a Associação Central Emancipacionista. Publicações diversas começaram a circular, pregando a abolição. Outras sociedades, no mesmo molde que as da capital, foram organizadas em várias províncias. A luta abolicionista se ampliou e criou condições para a organização da Confederação Abolicionista (1883), que unificou o movimento no plano nacional. Naturalmente, a abolição da escravatura não foi obra exclusiva dos abolicionistas que, em sua maioria, eram moradores das cidades. Como demonstram as fugas e rebeliões ao longo de toda a história do Brasil, os escravos não permaneceram passivos. A possibilidade de um levante escravo de grandes proporções foi considerada e atemorizou os escravistas, enfraquecendo a sua resistência ao movimento. Os cafeicultores paulistas foram particularmente atingidos pelo movimento de fuga dos escravos promovido e apoiado pelos caifases, organizados por Antônio Bento, que foi juiz de paz e juiz municipal e nos cargos que ocupou defendeu sempre os escravos contra a opressão senhorial. Na década de 1880, o poder escravista foi seriamente abalado e o Império, atingido em seus alicerces.
A lei Saraiva-Cotegipe ou lei dos Sexagenários (1885). A camada dominante escravista viu-se, então, forçada a novas concessões, que tinham por objetivo frear o movimento abolicionista. A lei Saraiva-Cotegipe de 1885, ao estabelecer a liberdade aos escravos com mais de 60 anos, teve exatamente esse propósito.Tratava-se de uma lei de alcance insignificante diante das exigências cada vez mais radicais de abolição imediata da escravatura. Assim, fora do Parlamento o desespero tomou conta dos escravistas, pois os escravos abandonavam as fazendas sob estímulo e proteção de organizações abolicionistas. Para impedir as fugas, os escravistas chegaram a convocar o próprio exército, que, entretanto, se recusou, sob a alegação de que "o exército não é capitão-do-mato" e por julgar a missão indigna dos altos propósitos para que fora instituído.
A lei Áurea (1888). Finalmente, a 13 de maio de 1888, a princesa Isabel, que na ausência de D. Pedro II assumira a regência, promulgou a lei Áurea, declarando extinta a escravidão no Brasil. |
PROCLAMAÇÃO DA INDEPENDÊNCIA
1 - A revolução do Porto
Com a transferência da Corte portuguesa para o Brasil, em 1808, Portugal mergulhou numa grave crise. A invasão do país pelo exército de Napoleão Bonaparte desorganizou a produção do vinho e do azeite. Pouco depois, a abertura dos portos brasileiros levou os comerciantes portugueses a perderem o mercado colonial para a Inglaterra. Diante desta crise, várias cidades portuguesas fizeram manifestações de militares e civis contra o governo estrangeiro e absolutista. Exigindo a volta imediata de dom João a Portugal.
As primeiras notícias da Revolução do Porto chegaram ao Brasil ainda em 1820. O movimento inspirou diversas rebeliões locais da população insatisfeita.
2 - Um momento de indefinições
Inicialmente, a elite brasileira apoiou as Cortes portuguesas. Afinal, os latifundiários, os altos funcionários e alguns comerciantes do Rio de Janeiro foram chamados a participar do novo governo. Em 1821, o governo português aumentou as taxas alfandegárias sobre as mercadorias importadas da Inglaterra. Com isso, Portugal pretendia recuperar o monopólio comercial sobre o Brasil. No mesmo ano, as Cortes enviaram tropas ao Rio de Janeiro e Pernambuco, para reforçar a vigilância na Colônia.
3 - Os partidos políticos em formação
A elite agro-exportadora fundou um partido político, o Partido Brasileiro, ao lado de periódicos como o Despertador Brasiliense e o Regulador Brasílico-Luso. Os comerciantes portugueses, concentrados no Nordeste e beneficiados pelo monopólio da Coroa, foram contrários a independência do Brasil. Com o apoio de alguns militares do Reino, eles fundaram o Partido Português. Já a classe média que havia se formado no Rio de Janeiro, composta por funcionários públicos, profissionais liberais, militares e padres, assumiu uma posição mais radical em favor da independência.
4 - Dom Pedro decide ficar
Embora com idéias diferentes, o Partido Brasileiro e os liberais radicais se uniram na luta pela independência. Por sua vez, as Cortes de Lisboa, em sua tentativa de recolonizar o Brasil, passaram a exigir mais insistentemente o retorno de dom Pedro a Portugal. Preocupados com essa exigência, os dois grupos políticos, organizaram um grande abaixo assinado, pedindo ao príncipe regente que ele não abandonasse o Brasil. No dia 9 de janeiro de 1822, após receber o documento com as assinaturas pedindo a sua permanência no Brasil, dom Pedro tomou a decisão de ficar. "Como é para o bem de todos e felicidade geral da nação, estou pronto: diga ao povo que fico", declarou o príncipe regente ao grupo de pessoas que lhe foi entregar o abaixo-assinado. Esse fato ficou conhecido como o dia do fico. A decisão de dom Pedro de desobedecer as Cortes Portuguesas foi o início do rompimento das relações do governo brasileiro com o governo português. A partir daí os acontecimentos se precipitaram e o Brasil caminhou rapidamente para sua independência.
As cortes portuguesas consideravam ilegal o governo de dom Pedro e ameaçaram enviar tropas ao Brasil, caso seu retorno à Europa fosse mais uma vez adiado. Quando a decisão de Portugal chegou no Brasil, José Bonifácio, enviou-lhe as mensagens vindas de Portugal. Dom Pedro as recebeu no dia 7 de setembro de 1822, às margens do riacho do Ipiranga. Junto a correspondência estava uma carta de seu ministro, aconselhando-o a tomar uma atitude imediata. Ali mesmo, às margens do riacho e na presença de uma pequena comitiva, dom Pedro declarou a independência do Brasil. Chegavam ao fim mais de trezentos anos de domínio colonial.
O PRIMEIRO REINADO
Período inicial do Império, estende-se da Independência do Brasil, em 1822, até a abdicação de Dom Pedro I , em 1831. Aclamado primeiro imperador do país a 12 de outubro de 1822, Dom Pedro I enfrenta a resistência de tropas portuguesas. Ao vencê-las, em meados do ano seguinte, consolida sua liderança.
Seu primeiro ato político importante é a convocação da Assembléia Constituinte, eleita no início de 1823. É também seu primeiro fracasso: devido a uma forte divergência entre os deputados brasileiros e o soberano, que exigia um poder pessoal superior ao do Legislativo e do Judiciário, a Assembléia é dissolvida em novembro. A Constituição é outorgada pelo imperador em 1824. Contra essa decisão rebelam-se algumas províncias do Nordeste, lideradas por Pernambuco. A revolta, conhecida pelo nome de Confederação do Equador, é severamente reprimida pelas tropas imperiais.
Embora a Constituição de 1824 determine que o regime vigente no país seja liberal, o governo é autoritário. Freqüentemente, Dom Pedro impõe sua vontade aos políticos. Esse impasse constante gera um crescente conflito com os liberais, que passam a vê-lo cada vez mais como um governante autoritário. Preocupa também o seu excessivo envolvimento com a política interna portuguesa. Os problemas de Dom Pedro I agravam-se a partir de 1825, com a entrada e a derrota do Brasil na Guerra da Cisplatina . A perda da província da Cisplatina e a independência do Uruguai, em 1828, além das dificuldades econômicas, levam boa parte da opinião pública a reagir contra as medidas personalistas do imperador.
Sucessão em Portugal – Além disso, após a morte de seu pai Dom João VI , em 1826, Dom Pedro envolve-se cada vez mais na questão sucessória em Portugal. Do ponto de vista português, ele continua herdeiro da Coroa. Para os brasileiros, o imperador não tem mais vínculos com a antiga colônia, porque, ao proclamar a Independência, havia renunciado à herança lusitana. Depois de muita discussão, formaliza essa renúncia e abre mão do trono de Portugal em favor de sua filha Maria da Glória.
Ainda assim, a questão passa a ser uma das grandes bandeiras da oposição liberal brasileira. Nos últimos anos da década de 1820, esta oposição cresce. O governante procura apoio nos setores portugueses instalados na burocracia civil-militar e no comércio das principais cidades do país. Incidentes políticos graves, como o assassinato do jornalista oposicionista Líbero Badaró em São Paulo, em 1830, reforçam esse afastamento: esse crime é cometido a mando de policiais ligados ao governo imperial e Dom Pedro é responsabilizado pela morte.
Sua última tentativa de recuperar prestígio político é frustrada pela má recepção que teve durante uma visita a Minas Gerais na virada de 1830 para 1831. A intenção era costurar um acordo com os políticos da província, mas é recebido com frieza. Alguns setores da elite mineira fazem questão de ligá-lo ao assassinato do jornalista. Revoltados, os portugueses instalados no Rio de Janeiro promovem uma manifestação pública em desagravo ao imperador. Isso desencadeia uma retaliação dos setores antilusitanos. Há tumultos e conflitos de rua na cidade. Dom Pedro fica irado e promete castigos. Mas não consegue sustentação política e é aconselhado por seus ministros a renunciar ao trono brasileiro. Ele abdica em 7 de abril de 1831 e retorna a Portugal.
A CABANAGEM
O isolamento da província do Pará levava-a a ignorar, na prática, as determinações do governo regencial. No final de 1833, o governo nomeou o político Bernardo Lobo de Souza presidente do Pará.
Lobo de Souza valeu-se da repressão para impor sua autoridade na província, o que fez crescer contra si a oposição local. Líderes como o padre João Batista Gonçalves Santos, o fazendeiro Félix Antônio Clemente Malcher e os irmãos Vinagre -- Francisco Pedro, Manuel e Antônio -- armaram uma conspiração contra o governador.
Em janeiro de 1835, o governador foi assassinado. Os rebeldes ocuparam a cidade de Belém e formaram um governo revolucionário presidido por Malcher, que defendia a criação, no Pará, uma república separatista. Entretanto, o novo governador mantinha estreita relações com outros proprietários locais e decidiu permanecer fiel ao Império. Por isso, o movimento radicalizou-se. Líderes populares, como Antônio Vinagre e Eduardo Angelim, refugiaram-se no interior da província, em busca do apoio das populações indígenas e mestiças. Foram então as pessoas pobres, que moravam em cabanas, que assumiram a luta pela independência do Pará.
Em agosto de 1835, os cabanos voltaram a ocupar Belém e criaram um governo republicano, desligado do restante do Brasil.
Mas o isolamento da província e uma epidemia de bexiga enfraqueceram os revoltosos, que não tiveram condições de resistir à esquadra imperial que, em pouco tempo, dominou o porto de Belém. Enquanto a cidade era saqueada e incendiada, tropas do governo, auxiliadas pelos grandes proprietários locais, percorriam os vilarejos do interior à cata de rebeldes. Ao cabo de cinco anos de guerrilhas, mais de 30% da população paraense -- estimada na época de cem mil habitantes -- foi dizimada.
História do Brasil – SEGUNDO REINADO.
"É nesse ambiente conturbado que D. Pedro sobe os degraus do trono.
E logo, como que tocada por alguma vara de condão, a política do Império começa a se aplacar.
É verdade que ainda restava a liquidação das guerras dos Balaios e dos Farrapos. Mas a primeira estava nos últimos arrancos e a segunda mostrava, inequivocamente, o declínio das forças rebeldes.
Além destas duas heranças da época regencial, D. Pedro II, no decênio de consolidação da ordem, de 1840 a 1850, tem que haver-se apenas com dois movimentos sérios: a Revolução Liberal mineiro-paulista de 1842 e a Revolução Praieira, de 1848, em Pernambuco.
Foram ambos movimentos deflagrados pelos liberais, sendo o de 42, de caráter exclusivamente político, enquanto o de 48, em virtude de circunstâncias especiais da economia pernambucana, tomava matiz de uma luta social. Nabuco, com a habitual largueza de vistas, já tinha chamado à insurreição da Praia mais que um movimento político, um movimento social. Mas a presença do Imperador no trono já se fazia sentir."1
Deste momento, começa a política a tomar rumo mais seguro e o Parlamento torna-se a arena dos debates e competições. A figura de Caxias aparece e se transforma no baluarte da defesa da ordem que se imporia durante um largo período do Segundo Reinado.
O Segundo Reinado durou quase meio século e pode ser dividido em três períodos: de 1840 até 1850, fim das lutas civis; o segundo, o das lutas externas, em que a de maior duração e de maiores conseqüências foi a Guerra do Paraguai; e o terceiro, finalmente, a partir da Guerra do Paraguai, quando as idéias abolicionista e republicanas começam a tomar corpo e, por fim, tornam-se vencedoras em 1888 e 1889, respectivamente.
No primeiro período, Caxias foi a espada que cortou a trama das guerras civis e dos movimentos armados, o qual, aliás, vinha prestando serviços à Pátria desde a Regência e, lutou, ainda, no Paraguai, no momento decisivo desse conflito.
Na política externa teve o Brasil, também, o rompimento diplomático com a Inglaterra, em 1862, devido à famosa Questão Christie, motivada pelo alegado assalto a um barco inglês, no Rio Grande do Sul, em 1861, sendo que nessa ocasião o ministro inglês no Rio (Christie) exigiu uma indenização. No ano seguinte, alguns oficiais ingleses, à paisana, estando embriagados, desacataram uma sentinela brasileira, na Tijuca, sendo, por esse motivo, e com a mais justa razão, presos por um alferes. Christie, atrevidamente, exigiu que o alferes que havia cumprido o seu dever fosse excluído do corpo de que fazia parte. Não tendo o governo brasileiro atendido ao ministro inglês, Christie determinou que o vice-almirante Warren, que se encontrava na Guanabara, apreendesse embarcações mercantes nacionais, o que foi feito sob o mais veemente protesto do povo e até censurado no próprio Parlamento Britânico.